Foi em uma manhã chuvosa de segunda-feira que tive um insight daqueles que a gente não esquece. É incrível como a assimilação de uma infinidade de conceitos pode acontecer em um instante de inspiração.
Estava com meus dois filhos pequenos (4 e 2 anos) na portaria do prédio esperando o melhor momento para entrar no Uber, a chuva não dava uma trégua e claro, não tinha um guarda chuva. A urgência do tempo tornava tudo mais dramático, pois como de costume, estávamos atrasados para a escola. Foram nesses breves momentos que tudo se iluminou (literalmente). Um raio caiu muito próximo de onde estávamos. Meus dois filhos, sem saber como reagir, olharam assustados para mim esperando, acho eu, algum comando ou alguma dica de qual seria o protocolo de comportamento em situações como essa. Mal sabiam eles que o pior ainda estava por vir, foi quando o barulho ensurdecedor do trovão agravou, ainda mais, a confusão mental que se instalava nos pequeninos.
Para minha surpresa, eles estavam confusos e também assustados, mas não estavam com medo! Eles continuavam olhando para mim esperando alguma explicação: Isso é perigoso? Temos que ficar com medo? Podemos continuar brincando? Foi aí que com um “sorriso na voz” falei que estava tudo certo e que era hora de irmos para o carro. Felizmente tudo terminou bem.
Nesse dia me dei conta do quanto somos fruto desses pequenos momentos. Chegamos onde chegamos, em grande medida, porque aprendemos com nossos “tutores” como reagir nas mais diversas situações. Agora, como adultos, temos o dever de repensar se estamos com o código de conduta bem calibrado ou, se estamos repetindo as reações histéricas de “tutores” amedrontados com as surpresas da vida.