Recentemente estava com minha filha de 7 anos em uma festinha de aniversário de um de seus amiguinhos. No meio da festa apareceu um destes animadores, muito divertido por sinal, propondo jogar queimada – o que foi prontamente aceito por duas dúzias de crianças eufóricas. Ainda não entendi como em um espaço, um pouco maior do que uma sala de jantar, tantas crianças estavam prontas para brincar. Fiquei de longe, mas não muito, observando como aquilo tudo iria funcionar e, para meu espanto, as crianças estavam se divertindo e, aos berros, tentando fugir da mira do animador como se estivessem lutando pela própria vida.
No meio do alvoroço notei que minha filha estava com um sorriso congelado, e um olhar satisfeito. Ela encontrou uma forma de participar da brincadeira sem correr risco de ser atingida. Bem atrás de uma fina coluna ela estava protegida e, enquanto as outras crianças corriam e tentavam se defender, minha filha estava distante o suficiente para “brincar” sem ser percebida.
Ao final da brincadeira ela voltou para perto de mim com o ar de “missão cumprida” e fiquei pensando comigo mesmo: como explicar para ela que ficar escondida, apesar de ter sido divertido, não significava que ela havia vencido o jogo?
Em minha cabeça de pai, naquele lapso de segundo, fui além, imaginando minha pequenina entendendo que, na brincadeira da vida, ela teria que se expor muito mais e correr riscos muito maiores do que ser “queimada”.
A verdade é que recentemente, tenho visto com mais frequência do que gostaria, jovens que sentem medo de se expor, correr riscos e que não percebem que o erro deve ser tratado com naturalidade pois faz parte do processo de evolução e que desenvolver a capacidade de se reerguer deveria ser ensinado desde cedo, como uma brincadeira de queimada.
Para entender melhor essa ideia, recomendo o vídeo de uma entrevista com a Sara Blakely, criadora da Spanx. Caso você ainda não conheça, vale a pena dar uma olhada no negócio bilionário que esta mulher criou.